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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

GÊNESIS 1.1-2: UMA ANÁLISE TEOLÓGICA

Por Jonas Chaves 

1. INTRODUÇÃO

A pretensão deste trabalho é a de ser um tratado teológico e exegético dos dois primeiros versos das Escrituras Sagradas, que descrevem o princípio da criação de todo o universo através dos comandos poderosos de Deus.
Esta pesquisa iniciará com um estudo contextual do livro de Gênesis, onde se abordam algumas informações sobre autoria, local, data, contexto histórico, político, social, psicológico, etc. Estes assuntos serão colocados do ponto de vista ortodoxo.
Assumiremos nesta nossa análise, como fundamento para uma correta compreensão e interpretação do texto sagrado, o pressuposto de que as Escrituras são inerrantes, infalíveis e divinamente inspiradas. Isto deve ser enfatizado em vista da tendência de alguns em desacreditar a historicidade do texto sagrado, reduzindo-o a um livro mitológico, lendário e cheio de superstições. As conclusões a que chegam estes estudiosos não serão ignoradas neste trabalho, mas serão consideradas e analisadas criticamente.
Quando investigamos as palavras dos versos que iremos estudar, encontramos alguns problemas. Surgem perguntas como: quando foi o princípio de todas as coisas? Deus criou tudo do nada ou usou alguma matéria primitiva? Os céus e a terra criados são os céus e a terra que conhecemos hoje? Existe um intervalo entre o verso 1 e o 2, durante o qual a terra foi destruída? Trataremos cada uma destas questões em nossa análise palavra por palavra dos dois versos.
Esta análise será feita nas principais palavras destes dois versículos. Estas palavras trazem algumas nuanças que requerem atenção para quem deseja entender o ensino dessa passagem bíblica. Tais análises fornecerão subsídios importantes, do ponto de vista ortodoxo, para a interpretação correta do relato da criação.
        
2. EXEGESE DE GÊNESIS 1.1-2

2.1 ESTUDO CONTEXTUAL (PERSPECTIVA ORTODOXA)

2.1.1 AUTORIA – As evidências apontam para Moisés como o autor do livro de Gênesis. Esta posição está em harmonia com o que vem sendo defendido pelo cristianismo ortodoxo ao longo da história. 
Em termos de evidências internas, apesar de não ser afirmado de forma direta que Moisés seja o autor do Gênesis, vários textos bíblicos evidenciam que ele escreveu todo o Pentateuco. Por exemplo, Êxodo 24.4 registra que “Moisés escreveu todas as palavras do SENHOR”. Além disso, temos referências à autoria mosaica em outros livros do Antigo Testamento (Ed 6.18; Ne 8.1-8) e no Novo Testamento (Mt 19.8; Jo 5.46,47).

2.1.2 LOCAL – Segundo Eugene H. Merrill, Moisés inicia seu trabalho como escritor “nas planícies de Moabe, quarenta anos depois do Êxodo, na época em que Israel estava prestes a conquistar Canaã e estabelecer-se como entidade nacional em cumprimento das promessas feitas aos ancestrais patriarcais”.

2.1.3 DATA – Moisés escreveu o Gênesis imediatamente após a travessia do Mar Vermelho, quando, depois de haver Deus derrotado faraó e o seu exército, ele convida todo o povo a sentar-se e a ouvir sobre a origem de todas as coisas. A evidência aponta para a metade do século XIX antes de Cristo (provavelmente em 1440 a.C.). 

2.1.4 DESTINATÁRIO – O destinatário é o próprio povo liberto da escravidão que seguiu em direção a Canaã.

2.1.5 SITUAÇÃO POLÍTICA – O povo havia saído do cativeiro egípcio e agora caminhava em direção à liberdade. Isto significava deixar o governo despótico do faraó do Egito para o início da organização teocrática de Israel.

2.1.6 SITUAÇÃO SOCIAL – Visto que o contexto histórico da escrita de Gênesis é o da libertação do povo de Israel da escravidão do Egito, podemos conceber a situação social como a de um povo que, depois de ter sofrido durantes anos no deserto como escravo, agora vive a esperança da conquista da terra que Yahweh havia prometido aos patriarcas.

2.1.7 SITUAÇÃO PSICOLÓGICA – Os israelitas viviam a expectativa da posse de Canaã, a terra prometida. Tal expectativa fora alimentada e fortalecida com os poderosos feitos de Yahweh entre eles, como os milagres realizados entre eles, sendo o principal a abertura do Mar Vermelho e a destruição de Faraó e seu exército.  

2.1.8 MOTIVAÇÃO DO ESCRITOR – O autor tinha a intenção de explicar ao povo de Israel quem era o Deus a quem eles estavam servindo. Eles já haviam testemunhado o poder de Yahweh, precisavam agora de alguém que lhes explicasse o significado de tudo aquilo.

2.1.9 MENSAGEM – Nas palavras do erudito reformado E. J. Young, “O propósito do primeiro livro do Pentateuco é fornecer um breve sumário da história da revelação divina, desde o principio até que os israelitas foram levados para o Egito e estavam prontos para se formarem em nação teocrática” . Portanto, a mensagem do Gênesis é a do Deus único e verdadeiro, que de maneira miraculoso criou os céus e a terra. 

3. DIVISÃO DE CENAS

CENA 1: Deus inicia a criação do cosmo (v.1)
CENA 2: Deus organiza o cosmo criado (v.2)

4. DIVISÃO DO TEXTO HEBRAICO
Versículo 1:
1ª divisão
Bereshit bara elohim
2ª divisão
Et ha’shamayim ve’et ha’arets  

Versículo 2:
1ª divisão
Ve’ha’arets ha’yetah tohu va’vohu ve’hochech al’peney tehom
2ª divisão
Ve’ruah elohim merahefet al’peney ha’mayim

5. ESTRUTURA LITERÁRIA

Alguns tendem a enxergar um paralelismo no texto que comprova que os dias da criação não podem ser interpretados como literais. 
Gênesis apresenta, na verdade, uma estrutura literária que permite entendermos que os dias criativos se tratam de dias literais. Com isto negamos as hipóteses levantadas, segundo as quais estes dias não podem ser considerados como dias comuns, mas como eras indefinidas. Utilizando-se do argumento de Berkhof, “a luz não é uma substância que emana do sol, mas consiste de ondas de éter produzidas por elétrons energéticos. Note-se também que Gênesis não fala do sol como luz (or), mas como luzeiro, ou portador de luz (ma’or), exatamente o que a ciência descobriu que é” . 

6. EXTRAÇÃO DA TEOLOGIA BÍBLICA

6.1 VERSO 1:

Bereshit – Analisando morfologicamente a primeira expressão do texto hebraico, encontramos um problema ao compará-lo com a maioria das traduções em português, as quais vertem o texto da seguinte forma: “No princípio”. O problema com essa tradução é que “no” é o resultado da contração “em + o” (preposição + artigo definido), porém o artigo não está presente no texto. Em hebraico, quando o substantivo não é precedido de artigo, aquele deve ser entendido como indefinido. Teologicamente, isto significa que não podemos conhecer ou determinar esse princípio quando Deus começou a criar.
 O Dr. Mauro Meister, em seu artigo intitulado “A Questão dos Pressupostos na Interpretação de Gênesis 1.1 e 2”, da revista Fides Reformata, após analisar algumas passagens bíblicas onde o termo reshit (que é um substantivo feminino singular) é usado, conclui que “o termo princípio (reshit) não significa necessariamente o princípio em um instante, mas pode significar o começo e a sua continuidade” . 
O termo reshit é derivado da raiz rosh (cabeça, chefe). De acordo com o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, o significado básico de reshit “é o de ‘primeiro’ ou ‘início’ de uma série”. Este mesmo dicionário diz que “O uso mais importante de reshit no AT ocorre em Gênesis 1.1, em que é empregado em conjunto com a preposição proclítica b (q.v.)” e conclui que “O emprego dessa raiz não deixa dúvidas de que Gênesis 1.1 começa como o ato primeiro e inicial da criação do cosmos” .
O Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento traz como significados de reshit “princípio”, “ponto inicial”, “melhor”, “primícias”. Esta palavra, no contexto de Gênesis 1.1, deve ser entendida como o princípio da criação de todas as coisas (incluindo o “princípio” dos anjos, dos céus e da terra, do homem e da vida animal e vegetal). Ou seja, temos aqui a narração da criação de absolutamente TODAS AS COISAS visíveis e invisíveis.   

Bara – Temos em seguida o verbo “criou”. Ele é um verbo qal completo masculino singular. Esse verbo só é usado quando o sujeito de sua ação é Deus. No contexto de Gênesis 1 ele tem o sentido de “criar do nada”. Mesmo Von Rad, com sua orientação liberal, assevera que “Mesmo se tratando de uma nova criação de Iavé, bara é o termo empregado (Sl 102.19; 51.12). Como tal ação nunca é posta em relação com alguma matéria pré-existente, associa-se a ela a concepção de criação ‘do nada’” . O contexto bíblico mais amplo reforça esta ideia (Jo 1.3; Hb 1.3). Ele nos mostra que a criação estava completa e acabada quando o autor (Moisés) escreveu o texto, uma vez que no original ele é um qal completo. Ele, todavia, não traz as minúcias de como o universo foi criado. Vemos apenas a asseveração de que a criação se deu pelo fiat divino, sua ordem imediata.  
Ao contrário do que ensinam os teólogos críticos, que tendem a enxergar no relato bíblico da criação uma dependência literária, como se o autor houvesse lançado mão das cosmogonias pagãs para compor o seu texto, a criação descrita em Gênesis não pode ser vista desta forma. Segundo se afirma, há semelhanças significativas entre o texto de Gênesis e os escritos antigos sobre a criação do universo, particularmente o épico babilônico Enuma Elish (que significa “Quando no Alto”, que são suas palavras iniciais). 
Há, de fato, algumas semelhanças entre esses documentos, como a menção da existência de um abismo, a criação do homem no sexto dia e outras coisas. No entanto, tais semelhanças são insignificantes quando se considera as diferenças. Essas sim são significativas. Por exemplo, enquanto o Enuma Elish descreve a batalha entre a deusa Tiamat e Marduk e este criando o mundo a partir dos restos mortais daquela, o Gênesis apresenta Elohim criando todas as coisas do nada, sem a utilização de matéria pré-existente. Além disso, os relatos pagãos apresentam guerra e sexo entre os deuses, coisas que não estão presentes no Gênesis.

Elohim – No fim da primeira divisão do versículo 1 temos o termo Elohim. Sua classificação morfossintática é a seguinte: substantivo masculino plural. Literalmente significa “deuses”. Alguns teólogos entendem que este plural indica a triunidade ou a pluralidade de pessoas na divindade. O DITEAT aponta para esta tendência quando afirma que “o AT testemunha uma riqueza e complexidade no reino divino (Gn 1.26; Is 6.8) de tal forma que desenvolvimentos trinitarianos posteriores parecem bastante naturais”. 
Isto é um equívoco, pois, embora a doutrina da triunidade seja bíblica, esta palavra aponta para o plural de majestade de Yahweh, que reúne em si todos os poderes atribuídos aos falsos deuses das nações pagãs vizinhas do antigo Israel. Seria algo difícil de inculcar na mente dos israelitas, que tanto foram ensinados acerca do monoteísmo e advertidos quanto ao pecado da idolatria, a ideia de uma pluralidade em Deus.  A unidade divina é, neste verso, atestada por que após esta palavra, o escritor descreve a atividade criadora de Deus com um verbo no singular (“criou”).  

Hashamayim vehaarets – Na sequência do nosso texto aparecem estas duas expressões, que literalmente significam “céus” e “terra”. Temos aqui o que se chama de merisma. É uma forma de se referir à criação de TUDO o que há, uma vez que não havia a palavra “universo” na língua hebraica. Tanto o DIT quanto o DITEAT trazem esta informação. O Dr. Mauro Meister diz que “Céus e terra representam aqui tudo o que o autor e seus leitores concebiam como a criação de Elohim, tudo o que eles podiam ver e perceber nos céus e na terra, ou seja, o lugar onde pisam e tudo o que vêem no céu, incluindo sol, lua, estrelas e nuvens, em contraste com a religião e cosmogonia egípcia (ou outras cosmogonias do antigo Oriente Próximo) que via esses mesmos elementos como deuses” . 

Hashamayim – É um artigo + substantivo masculino plural. Seus significados são “céus”, “ar”, “firmamento”. De acordo com o DIT, há duas categorias para estes céus: céu físico e céu como morada de Deus. Van Gronigen acrescenta mais um: o céu como a habitação eterna dos salvos. O relato bíblico a respeito dos céus diferencia-se do paganismo pelo fato de que os céus são apresentados não como uma divindade, mas como parte da criação de Deus. 

Haarets – Aqui temos a menção da terra. Trata-se, no original, de um artigo + substantivo feminino singular. Ela pode significar “terra”, “cidade (estado)”, “mundo (inferior)”. A erets que encontramos aqui se refere à terra no sentido cosmológico.  Moisés registra a criação de todo o cosmo falando habitat onde os vice-gerentes de Yahweh haveriam de residir (Sl 115.16) e sobre o qual deveriam exercer domínio (Gn 1.29).
Conforme já foi mencionado, a narrativa bíblica é totalmente distinta da cosmogonia babilônica apresentada no Enuma Elish, pois ela é resultado do fiat de Deus, e não dos restos mortais da deusa Tiamat. As Escrituras destacam-se como o único relato antigo cuja cosmogonia não apresenta um politeísmo arraigado em sua narrativa. Ela mostra um Deus único e Soberano sobre toda a criação, que cria todas as coisas pela sua poderosa palavra e sem uso de matéria primitiva.  Como esta palavra aparece no verso 2 com um waw conjuntivo, iremos passar para a análise da palavra seguinte.

6.2 VERSO 2:

Tohu – O verso 2 informa a condição da terra por meio de um jogo de palavras, sendo a primeira tohu. É traduzida em nossas Bíblias como “sem forma”. O DITAT traz os seguintes significados para esta palavra: “confusão”, “espaço vazio”, “sem forma”, “nada”, “nulidade”, “vacuidade”, “vaidade”, “deserto”, “caos”.
 Alguns teólogos vêem aqui fundamento para a chamada “Teoria do Intervalo” ou “Teoria da Lacuna”. Segundo esta teoria, há um intervalo entre o verso 1 e o 2, entre os quais haveria transcorrido milhares ou até milhões de anos. Nesse período teria ocorrido a queda de Satanás e sua consequente expulsão do céu. A queda de Satanás explicaria este “caos”. A pergunta que se faz é: se Deus criou todas as coisas boas, como ele mesmo testemunha (Gn 1.31), como o autor do texto fala de um caos existente na terra no 2º verso?
Não é necessário chegar à conclusão de que este termo aponta para um caos ocasionado pela queda de Satanás. Aqui no contexto de Gênesis ele apenas descreve a terra como sendo um lugar inapropriado para habitação humana. O verso 1 descreve Yahweh Deus criando todas as coisas. O verso 2 o descreve organizando o cosmo que ele criou para a habitação dos seus vice-gerentes pactuais.  

Vavohu – Temos aqui uma conjunção e um substantivo comum, porém apenas o segundo nos interessa para nossa análise. O segundo o DITEAT, o termo significa “vazio”, “ermo”, “terra desolada”, “o nada”. Ele deve ser entendido praticamente como sinônimo de tohu dentro deste contexto. Ele reforça a ideia do termo anterior de que o cosmo era, inicialmente, um lugar inabitável, sem condições de a vida das criaturas se desenvolverem.

Tehom – O texto nos informa que trevas cobriam a face do tehom. O DIT apresenta os seguintes significados para esta palavra: “abismo”, “profundezas”, “lugares profundos”. Já no DITEAT temos as seguintes possibilidades de tradução: “oceano primitivo”, “profundezas do mar”, “água subterrânea”, “profundezas”. Encontramos também algo semelhante na gramática do hebraico bíblico de Kelley: “abismo”, “grande profundidade” . Por fim, o dicionário de hebraico-português e aramaico-português traz estes sentidos: “abismo”, “profundeza”, “oceano primevo”, “vagalhão”, “manancial profundo” . 
Alguns estudiosos de orientação crítica, no afã de interpretarem o texto de Gênesis como mitológico, viram uma relação entre o nome hebraico tehom e o da deusa do mito babilônico Tiamat. Esforço ainda maior foi feito para se enxergar uma hipotética luta entre o ruah e tehom, fazendo o texto bíblico se assemelhar aos mitos pagãos por mostrarem a existência de guerra entre deuses. Essa “camisa-de-força” imposta ao texto é reforçada com a palavra merahefet, que é interpretada como denotando “batalha”.
Esta exegese é claramente forçada. A palavra merahefet não transmite a ideia de batalha (analisaremos esta palavra mais adiante). E não há no texto qualquer indicativo de uma luta ocorrida entre o Espírito e o abismo. Além do mais, apesar do fato de que tehom e tiamat sejam oriundas da mesma raiz, a palavra hebraica conservou o seu significado primário de “águas profundas”, ao passo que o termo acadiano foi personificado e divinizado pelos pagãos.
O DIT testemunha que hoje “se reconhece que tehom não poderia ter derivado de tiamat porque a consoante intermediária, uma gutural, perdeu-se em acadiano e não seria fabricada numa palavra tomada de empréstimo” . O DITEAT nos informa que “Em termos morfológicos, o hebraico tehom corresponde ao ugarítico thm e não ao nome da divindade acadiana Tiamat (que possui terminação feminina)” .   

Veruah – O texto hebraico menciona em seguida o ruah. Temos aqui uma conjunção (o chamado waw consecutivo) + um substantivo singular no estado construto. Essa palavra pode significar “vento”, “transitoriedade”, “vontade”, “disposição”, “temperamento”, “espírito”. Esta palavra é, neste versículo, geralmente entendida como uma referência ao Espírito Santo de Deus. Isto pode ser verificado nas nossas principais traduções em português, onde “Espírito” aparece com a primeira letra em maiúsculo. Obviamente isto reflete a convicção teológica do tradutor, já que no hebraico não há letras maiúsculas ou minúsculas.
Alguns estudiosos, discordando dessa visão tradicional, entendem que a tradução “Espírito” está equivocada, pois não há aqui menção ao Espírito Santo. Estes mais comumente crêem que a palavra deve ser traduzida por “vento”. A Bíblia de Jerusalém, por exemplo, diz neste verso que “um vento de Deus pairava sobre as águas”. Outra tradução católica, a Bíblia Edição Pastoral, diz que “um vento impetuoso de Deus soprava sobre as águas”. Wolff entende desta forma quando comenta que “a palavra [ruah] não significa o ar como tal, mas o ar em movimento. Assim, em Gênesis 1.2, a ruah sopra sobre as águas, à maneira da águia que se libra nos ares (Dt 32.11)” . 
Para entendermos corretamente do que se trata o ruah do texto, precisamos deixar que o contexto lance luz sobre ele. Uma vez que está numa relação de construto, ruah pertence à elohim. É um ruah de Deus. “Espírito de Deus” ocorre 11 vezes em todo o Antigo Testamento. Este ruah é apresentado como criador em Jó 33.4 e em Salmos 104.30. Encontramos nestes textos o caráter pessoal deste ruah que estava presente ativamente na criação.
O DITEAT concorda com esta visão quando, comentando sobre a palavra ruah, diz que “O Espírito de Deus é o agente da criação (Sl 104.29-30; Jó 33.4). Seu Espírito estava ativo não apenas na criação original (Gn 1.2) e na recriação após o Dilúvio (8.1), mas também na criação do povo de Israel (na forma de vento, Êx 14.19-20; 15.10) e na criação da igreja (At 2.1-4)”. Gerard Van Gronigen, em seu livro Criação e Consumação – o Reino, a Aliança e o Mediador, registra que “o Deus Criador singular, que é um Deus que fala e que envia sua palavra de poder e execução é também considerado como o Espírito Criador”. E em poucas palavras, H.L. Hellison afirma que “Por seu Espírito, ele (Deus) estava separando o material (v.2)” . 
Através da atividade do ruah podemos também identificar a sua natureza. Esta palavra será discutida mais adiante, quando iremos observar que ela é importante na identificação do ruah como se tratando do Espírito de Deus, aquele que participou ativamente na criação do universo.

Merahefet – Esta palavra descreve a atividade do ruah de elohim. Ela é um verbo particípio que está no tronco piel. Para Strong ela significa: “se mover”, “ser abalado”, “estar agitado”, “alvoroçado”. Enih Gil’ead afirma que esta palavra “Pode também expressar o sentimento de ternura, amor e carinho por uma criança; conforme definição dada por Genesius... o que seria: como uma águia, o Espírito de Deus teria ‘chocado’ sobre a informe massa da terra, acalentando-a e vivificando-a”. O intensivo ativo piel favorece esta interpretação. O Espírito agiu de forma efetiva sobre a criação, dando as condições favoráveis para que a terra, palco da habitação dos vice-gerentes do reino cósmico de Yahweh, fosse por aqueles habitada.

Al’peney – Esta expressão significa literalmente “sobre faces de”. Trata-se de uma preposição + um substantivo em estado construto. Este estado construto significa que há aqui uma relação genitiva (de origem) entre este substantivo e o próximo. Em outras palavras, as “faces” sobre as quais o Espírito pairava pertenciam às águas, que são mencionadas posteriormente. 

Ha’mayim – A última palavra do versículo 2 significa literalmente “águas”. Este substantivo comum designa, aqui neste texto, as águas dos oceanos. 
A teologia liberal também tenta mitologizar o relato bíblico através desta palavra, vendo um possível paralelo desta com a divindade pagã Hu (deus da água corrente, sendo tehom o deus Num, da água parada). Como forma de refutação desta ideia, cabe aqui o mesmo argumento apresentado com relação à palavra tehom, ou seja, que não há na Escritura qualquer personificação ou divinização destes elementos da criação, assim como também não há descrições de guerras entre estas “divindades”.    
    
7. CONCLUSÃO

À medida que avançamos em nossa análise exegética, podemos estabelecer com segurança uma série de verdades extraídas do texto. Várias conclusões a que chegam os teólogos críticos baseadas em comparações com escritos pagãos antigos são reveladas como falsas.
Atestamos exegeticamente que a posição de que existe dependência literária, de que os supostos “autores” do livro de Gênesis fizeram recortes de vários textos das cosmogonias antigas para compor a narrativa bíblica é uma ideia contrária aos fatos. O texto bíblico é único em seu estilo, gênero literário, autoridade e propósito. 
Não há também a menor ideia de uma divinização dos elementos da criação. Em vez disso, há um contraste profundo entre o Criador e os elementos criados. Yahweh Deus é colocado como o soberano criador que está acima do universo. Vimos que a palavra usada no texto (Elohim) reforça esta ideia. Não há também qualquer evidência de uma luta entre “divindades”, em consequencia da qual o universo teria sido criado. No contexto do capítulo 1 de Gênesis, toda a criação está em sujeição ao seu Senhor suserano. 
Todas estas questões nos fazem concluir que temos diante de nós um texto único, radicalmente distinto dos demais relatos criacionais do antigo Oriente Próximo. O relato de Gênesis estabelece-se como sendo divinamente inspirado e autoritativo, além de historicamente confiável. Diferente dos outros escritos e até mesmo da ciência, as verdades que podem ser encontradas nunca se chocam com as descobertas que podem ser comprovadas. Tudo isso nos leva a crer que o livro de Gênesis é obra de um único autor (Moisés), que o escreveu sob inspiração divina.   

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. Traduzido por Odayr Olivetti. – 3ª Ed. revisada _São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2009.

BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento / editor geral F.F. Bruce; tradução: Valdemar Kroker. – São Paulo: Editora Vida, 2008.

Dicionário de Hebraico-Português e Aramaico-Português. Organizado por Nelson Kirst, Nelson Kilpp, Milton Shwantes, Acir Raymann e Rudi Zimmer. – 28ª Ed. – São Leopoldo: Editora Sinodal. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.

Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, pág. 1389. 

FRANCISCO, Edson de Faria. Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português – Volume 1 – Pentateuco. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil.

GRONIGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – o Reino, a Aliança e o Mediador (volume I). São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002.

KELLEY, Page. Hebraico Bíblico: Uma Gramática Introdutória. Tradução de Marie Ann Wangen Krahn. – São Leopoldo: Editora Sinodal, 1998.

MEISTER, Mauro. A Questão dos Pressupostos na Interpretação de Gênesis 1.1 e 2. Revista Fides Reformata, 2000.

MERRILL/ZUCK, Eugene H., Roy B.  Teologia do Antigo Testamento. Tradução: Luís Aron de Macedo. – 1ª Ed. – Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

RAD, Gerhard Von. Teologia do Antigo Testamento. Tradução: Francisco Catão. – 2ª Ed. – São Paulo: Aste/Targumim, 2006.

VAN GEMEREN, Willem A. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese – Volumes I, II e III. Traduzido por equipe de colaboradores da editora Cultura Cristã._ São Paulo: Cultura Cristã, 2011. 

WOLFF, Hans Walter. Antropologia do Antigo Testamento. Tradução Antônio Steffen; - 1ª Ed. rev. E atual. – São Paulo: Editora Hagnos, 2007. 

YOUNG, Edward J. Introdução ao Antigo Testamento.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

EDUCAÇÃO: DO ANTIGO TESTAMENTO À REFORMA PROTESTANTE

Por Jonas Chaves 

1. Educação Cristã no Antigo Testamento 

Conforme lemos no trabalho de Reis sobre a educação no período veterotestamentário, seu escopo principal era o de instilar na mente dos israelitas a centralidade da Lei de Deus em suas vidas, de modo que esta ocupasse suas mentes e, assim, eles se distinguissem como povo santo de Deus.
Um ponto fundamental dentro da educação dos hebreus era a concepção de que o ensino não deveria limitar-se à simples comunicação oral das verdades a serem conhecidas pelos ouvintes, mas era necessário que eles colocassem em prática aquilo que estavam aprendendo. Isto era tão forte entre eles que, segundo Reis, eles não podiam dizer que sabiam o que eles não faziam.
Com a finalidade de glorificar a Deus, os israelitas eram instruídos a iniciar a educação no ambiente familiar. A família era a primeira responsável por educar. Esta responsabilidade era, em certa medida, dividida entre o pai e a mãe, pois a mãe iniciava os fundamentos da educação moral das crianças. Porém o pai era, em última instância, o maior responsável por educá-las, dada a sua posição de liderança.
Nós vemos a confirmação bíblica da perspectiva de Reis com clareza na passagem de Deuteronômio 6.6-9, onde lemos:
“6. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; 7. tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. 8.Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. 9. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.”    
O resultado óbvio esperado deste ensino, como Reis nos mostra, era a obediência do povo de Deus a Sua Lei. Eles deveriam demonstrar na prática aquilo que haviam aprendido na teoria. Nas palavras de Reis: “Aprender a Lei de Deus não era algo divorciado da vida, mas antes algo que controlaria toda a vida.”  
Um aspecto interessante salientado por Reis refere-se à didática que existia até mesmo nas festividades e nos rituais celebrados pelo povo hebreu. Estas solenidades também tinham conteúdo educativo. Reis afirma que “Através das festas e rituais, os pais e anciãos ensinavam as crianças o conteúdo da Lei e a necessidade de obedecê-la. O estilo de vida inteiro era pra ser didático em natureza e em função.”
Fundamentando-se no livro de Provérbios, Reis acertadamente diz que havia uma educação relacional, de modo que o mestre estivesse sempre próximo do aluno. Diz ele que o Senhor Jesus preservou este padrão em seus dias, através do relacionamento próximo com os seus discípulos.
O livro de Provérbios não ensina que os pais deveriam ensinar o caminho, mas no caminho em que eles deveriam andar, para que na velhice não se desviassem dele (22.6). Na prática de Jesus, vemos esta relação de proximidade na transmissão do ensino em suas palavras, por exemplo, em sua conhecida oração sacerdotal: “porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste” (Jo 17.8).
De maneira formal, é-nos mostrado que havia instituições de ensino em Israel, que eram basicamente três: o templo, as escolas das sinagogas e as escolas de profetas.
No templo, temos o exemplo de Joás como alguém que foi criado e instruído neste local. Lá, ele foi inteirado sobre a Lei de Deus. Nisto vemos o papel dos sacerdotes do templo cumprido, pois estes deviam deter o conhecimento da Lei.
A sinagoga, que no período neotestamentário já estava bem estabelecida e presente nas atividades religiosas das comunidades judaicas. Ela exercia o papel de ser um complemento da educação recebida em casa pelos pais, como ocorria no caso do templo. As pessoas eram, através da exposição das Sagradas Escrituras, confrontadas com a Lei quando a transgrediam. É digno de nota que as igrejas cristãs dos primeiros séculos receberam como herança a estrutura litúrgica das sinagogas, com seus cultos simples, compostos de orações, cânticos e leitura e explicação das Escrituras.
Por fim, temos as escolas dos profetas. Estas constituíam parte importante no sistema educacional de Israel. Isto porque os profetas eram verdadeiros mestres, que educavam pública e constantemente o povo de Deus a viverem Sua Lei. O profeta, segundo Reis, “era figura central na educação nacional, por causa de suas constantes exortações e recordações concernentes aos propósitos e vontade de Deus para com a nação israelita e a necessidade de viver uma vida correta.”   

2. Educação Cristã  na Igreja Primitiva 

Os cristãos primitivos certamente herdaram dos hebreus a tradição do ensino das Leis divinas para as comunidades da época. Podemos observar na prática apostólica a forte ênfase no ensino. Este era um aspecto fundamental na formação de novos cristãos neste período da igreja.
Os discípulos de Cristo receberam dele a missão de “fazer discípulos de todas as nações” (Mt 28.19), o que implica ensino. Reis nos oferece o exemplo do apóstolo Paulo como educador cristão, com seu propósito de ensinar aos povos a doutrina de Cristo. 
Paulo, apesar de não estar presente por ocasião da “grande comissão”, recebe tanto dos outros discípulos como do próprio judaísmo a tradição do ensino na Palavra de Deus. Segundo Reis, uma vez que os mistérios de Cristo, revelados na dispensação da Nova Aliança, são difíceis de explicar, se faz necessária a explicação e instrução.
Entre os pais da igreja torna-se imprescindível o papel da educação. Através de suas cartas, suas apologias e outros escritos, eles buscavam resguardar a fé dos primeiros cristãos. Eles os confortavam e preservavam a doutrina. As heresias surgiam e se multiplicavam, e os apologistas se empenhavam na árdua tarefa de combater tais erros. 
Havia também instruções acerca da vida diária dos cristãos e diretrizes para o culto. Vemos o exemplo disso no Didaquê, ou Instrução dos Doze Apóstolos. Nele encontramos regras para a ministração dos sacramentos do batismo e da eucaristia, além de outras instruções relevantes para o cotidiano dos cristãos.
O destaque que damos no ensino da Didaquê é a sua referência à educação. Ela deveria estar presente em todas as fases da vida dos cristãos. Começando da infância. “Sendo assim, notamos que a educação cristã tem como fundamento o lar e que a igreja passou a complementá-la, sobretudo quando o fiel desejasse se tornar membro da igreja.”
No estudo da vida e da obra dos pais da igreja, os quais foram “os primeiros agrimensores do terreno, buscando entender o que Cristo e os apóstolos ensinaram” , notamos um especial destaque à educação como parte integrante e indispensável da vida cristã, como deve ser nos nossos dias.

3. Educação Cristã na Idade Média 

Este período teve a Igreja Católica, instituição que se sobressaiu e se consolidou como entidade influente na vida e no pensamento dos povos, como a responsável pela educação.
O cristianismo sempre se destacou nas sociedades com sua proposta de mudança radical de comportamento. Mesmo na idade média, também conhecida como “idade das trevas”, ele assim se caracterizou. A igreja cristã, em detrimento da cultura grega que não dava grande importância ao aspecto moral da vida, continuou a apregoar a necessidade de mentalidade, de modo que o homem se preocupasse mais com a vida porvir, ou seja, com o seu destino eterno.
Sobre isto, Reis faz o seguinte comentário:

“O ideal educativo do cristianismo é um renascer para um mundo novo do espírito e com ele surge um novo tipo de educação com normas inéditas de vida e de comportamento. Assim, as preocupações morais e religiosas substituíram as preocupações intelectuais, estéticas e físicas da cultura grega.”
Um importante período para a educação no período da idade média foi o período da escolástica. Este período teve grande influência para a educação. Buscou-se neste período fundamento racional para a fé cristã. Reis afirma que neste período procurou-se “demonstrar e ensinar as concordâncias da razão com a fé pelo método da análise lógica.”
Neste período destacam-se para o nosso assunto Agostinho e Tomás de Aquino. Santo Agostinho foi brilhante como escritor e teólogo do século XI. Dentre suas obras, a mais conhecida são as suas Confissões. O legado de Agostinho é apreciado até os dias de hoje pela igreja cristã, tanto por católicos quanto por protestantes.
Tomás de Aquino também representa para a igreja de hoje um grande pensador da idade média. Este teólogo, que viveu no século XIII, compôs uma obra brilhante que, sem dúvida, é a sua opus magnum: a conhecida Suma Teologica. Esta obra é tão importante que muito da teologia da Igreja Católica está fundamentado nela.
Algo que sem dúvida representa um marco no que diz respeito à influência educativa da idade média foi a criação das universidades. Com toda a conjuntura social da época, a igreja tentava estimular as pessoas a não abandonar a fé em face da racionalização do discurso humano. As universidades surgem então como passo importante nesse sentido. Reis cita o fato de que foi no século XIII que surgiu a primeira universidade (Nápolis, em 1224.), e também aponta o surgimento de outras, como as de Paris, Bolonha, Salerno, Oxford, Viena e Salamanca.
Hoje, entendemos que a chamada “idade das trevas” na verdade não foi assim tão escura. Houve abusos neste período, como também aconteceu em toda a história da humanidade. Mas não devemos nos esquecer dos avanços e das contribuições para o mundo do saber desta época. O mundo foi levado a refletir sobre os valores eternos, que são perenes e, assim, devem ocupar espaço privilegiado na mente. Reis conclui que a idade média “não foi um período negro de uma historiografia já superada. Foi um período de lenta, e talvez dolorida, fecundação de ideias e técnicas que prepararam os tempos modernos.”

4. Educação Cristã na Reforma Protestante 

Chegamos ao período da Reforma Protestante. Este conhecido movimento não poderia deixar de ser mencionado. A Reforma representa para todos, especialmente para o protestantismo, uma grande revolução ideológica que afetou não apenas o mundo religioso, mas também as esferas cultural, artística, econômica, política e educacional.
Em sua análise da contribuição da Reforma Protestante para a educação cristã, Reis nos diz que com o início deste movimento “chega-se a mais elevada conscientização sobre a importância do processo educacional para a formação da personalidade humana, conforme a concebeu o Criador.”
Lutero, por meio de quem a Reforma tem o seu “pontapé” inicial, instiga o povo a repensar a fé cristã. A partir daí, a educação ganha destaque e é valorizada. A influência do protestantismo estende-se às várias áreas da vida, como a social, a cultural, à política, etc., principalmente por conta da visão holística da vida cristã, conforme a concebiam Lutero e os reformadores.
Uma grande demonstração de Lutero no sentido de ensinar o povo pode ser observada pela tradução que Lutero faz do Novo Testamento. A leitura da Bíblia era privilégio de alguns poucos clérigos; os cristãos leigos não tinham permissão para isso. Lutero compreendia que os cristãos podiam ler as Escrituras e compreender sua mensagem através da iluminação do Espírito de Deus. É o início do princípio do livre-exame. 
 Em Lutero vemos alguém grandemente preocupado e decidido a engajar-se na luta contra a ignorância através da educação. Isto estava em harmonia com o espírito da Reforma Protestante. Os reformadores diziam que o maior inimigo da verdadeira fé cristã era a ignorância. Lutero escreveu uma Carta aos Prefeitos e Conselheiros das Cidades Alemãs, onde ele diz ser “necessário haver escolas para a segurança dos negócios deste mundo, como a história dos gregos e romanos claramente nos ensina.” Lutero achava tão imprescindível a educação infantil que ele afirmava que os pais que não enviavam seus filhos para a escola estavam servindo ao diabo.  
Com relação a Lutero podemos ver ainda sua preocupação com a educação cristã na produção de dois catecismos, um para crianças e outro para adultos. Neles, Lutero ensina os rudimentos da fé cristã e ajuda os cristãos de sua época a terem as suas crenças bem definidas em suas mentes.
Em Calvino vemos a continuação e a intensificação deste trabalho educativo. Apesar do fato de que ele nunca mencionou explicitamente sua preocupação com a educação, isto claramente transparece em seus escritos e na sua prática, que revelam que o “óbvio não dito”, ou seja, a educação cristã, estava no centro de sua atenção.  
Calvino, à semelhança de Lutero, emprega seus esforços intelectuais para combater a ignorância do povo. Entre seus escritos significantes podemos citar principalmente seus comentários bíblicos e a sua obra magna, as Institutas da Religião Cristã. Além disso ele cria a Academia de Genebra, onde ele sugere às autoridades civis que obriguem as crianças a comparecerem à escola e que tenham sua frequência cuidadosamente controlada. Reis testemunha que “Calvino promoveu a educação na escola secundária e insistiu sobre a educação primária compulsória para meninos e meninas.”
O testemunho universal dos historiadores confirma que a Reforma Protestante foi um movimento revolucionário também para a educação. Sua influência se estende até hoje. Muitas escolas estão comprometidas com o ensino amalgamado nos pilares reformistas. Podemos mencionar a nossa Universidade Presbiteriana Mackenzie, que tem como objetivo “Educar o ser humano criado à imagem de Deus para o exercício consciente e crítico da cidadania e da dignidade, preparando-o para a vida, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do ser e da sociedade, por meio do ensino e das atividades científicas, culturais, esportivas, sociais, éticas e espirituais.”

5. CONCLUSÃO

A análise de toda a história da educação do povo de Deus permite-nos concluir que sempre fez parte da concepção do povo de Deus a noção de que a educação começa no contexto do ambiente familiar, sendo as instituições de ensino uma extensão desta educação. 
Deus sempre demonstrou Sua preocupação com o desenvolvimento intelectual do Seu povo, não apenas de forma mecânica, mas principalmente de maneira prática e experimental. Esta noção foi sábia e sistematicamente passada para todos os principais líderes que se levantaram entre Seus servos ao longo da história. Quer tenha sido na vida de patriarcas, sacerdotes e reis, quer nos apóstolos, mártires e pais da igreja, quer nos líderes da idade média ou nos reformadores, Deus manifestou a luz do entendimento e da preocupação educacional para o povo.
O grande desafio para a instituição igreja continua. Ela precisa fazer eco ao que, ao longo dos séculos, tem sido a praxe do povo da aliança. É preciso dar continuidade ao trabalho; a missão é a mesma. Porém, como a compreensão é a mesma, é preciso lembrar que a educação nas instituições é de natureza apenas complementar, pois a principal responsável por esta é a família.   

6. Referências

CAETANO, Weslley Rufino. Educação e Protestantismo: A Contribuição Protestante Para a Educação. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, pág. 7.

GREGGERSEN, Gabriele. Perspectivas Para a Educação Cristã em João Calvino. Revista Fides Reformata. São Paulo: Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper.

LOPES, Edson Pereira. Fundamentos da Teologia da Educação Cristã/ Edson Lopes – São Paulo: Mundo Cristão, 2010.

PIPA, Joseph A. O Dia do Senhor. São Paulo: Os Puritanos, 2000.

REIS, Gildásio Jesus Barbosa dos. Apostila Educação Cristã. Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição. São Paulo, 2006.


A TRIUNIDADE DE DEUS NOS DOCUMENTOS CONFESSIONAIS PROTESTANTES

Por Jonas Chaves

1.Introdução

As igrejas cristãs protestantes históricas são caracterizadas por sua confessionalidade. Não importa o nome da denominação. Ela sempre será marcada por seu apego à tradição histórica fazendo uso de alguma confissão de fé.
Algo que é interessante e que chama a nossa atenção é a unidade doutrinária existente entre estas confissões. Mesmo tendo sua origem a partir do estudo e da dedicação de homens de diferentes culturas e tradições, a exceção de alguns pequenos pontos de divergência como batismo e escatologia, por exemplo, tais documentos mostram uma impressionante unidade de pensamento no quesito doutrina.
As diferentes doutrinas do cristianismo, como a divindade de Cristo, a inspiração e inerrância das Escrituras, o pecado e a salvação, por exemplo, são expressas nos mesmos moldes pelas diferentes confissões, ainda que com palavras diferentes. Não é diferente com aquela que diz respeito à triunidade de Deus.
Ao longo da história, a doutrina da Santíssima Trindade tem sido aceita, confessada e pregada pela igreja do Senhor sem grandes divergências de opinião a respeito de sua natureza. Quer seja nas confissões, quer em livros de Teologia Sistemática ou em escritos a respeito da divindade, quer nos hinos cantados pelos cristãos, fica evidente a convicção trinitária da igreja.
Nossa proposta é a de analisarmos a doutrina do Deus Triúno nas diferentes confissões de fé do protestantismo histórico. Iremos ver como cada documento, escrito em diferentes ocasiões e por pessoas diferentes, define a natureza da Santa Trindade e a defende das diferentes concepções da composição da divindade. O objetivo deste trabalho é o de despertar nos corações cristãos o interesse em conhecer o que nossas confissões dizem sobre esta tão importante doutrina professada pelo cristianismo universal.

2. Deus é Uno

Um fato notório sobre as diversas confissões de fé protestantes é a ênfase, antes de qualquer coisa, na unidade de Deus. Portanto, antes de começarmos a falar da composição tríplice de Deus, conforme professada nas confissões históricas, veremos o que elas dizem sobre a unicidade de Deus.
Como que para resguardar a Igreja da acusação de triteísmo (a crença em três deuses), as confissões salientam, fundamentadas nas Escrituras, que só há um Deus e que Deus é um só. Este artigo de fé está presente na Bíblia em Deuteronômio 6.4, no famoso Shemá: “Ouve, Israel, Yahweh, nosso Deus, é o único Yahweh”. Esta declaração, que ressalta a unidade de Deus, é repetida até hoje nas sinagogas judaicas.
Para iniciar nossa análise, vejamos a declaração da unidade de Deus na Confissão de Fé de Westminster, que se encontra no capítulo II (De Deus e da Santíssima Trindade): “Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições” . Na continuação, vários atributos são relacionados a este Deus, todos eles no singular. Isto significa que Deus, e somente Deus, é possuidor destas qualidades. Há dois documentos, a saber, a Confissão de Fé Batista de Londres e a Declaração de Savoy, que possuem textos semelhantes ao da CFW.
O Catecismo Maior de Westminster, assim como o Breve Catecismo (ou Catecismo Menor), também começa com a afirmação da unidade divina antes de falar de Sua triplicidade. À pergunta 8, que diz: “Há mais que um Deus?”, responde-se: “Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro” . Os documentos da abadia de Westminster confessam a uma só voz a unidade da Deidade.
Com esta mesma ênfase monoteísta, a Confissão de Fé da Guanabara, a primeira confissão elaborada nas Américas, inicia a doutrina da unidade de Deus já no seu primeiro artigo fazendo a seguinte afirmação: “Cremos em um só Deus, imortal, invisível, criador do céu e da terra, e de todas as coisas...”.
Conforme já indicado, os documentos confessionais reformados, em sua maioria, seguem esta mesma estrutura, ou seja, afirmam a declaração básica da unidade de Deus antes de qualquer outra elaboração doutrinária sobre a divindade. A seguir, outros documentos e suas respectivas afirmações sobre este tema:
Os Trinta e Nove Artigos de Fé da Religião (adotados pelos Episcopais e Anglicanos), artigo I : “Há um único Deus, vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo, sem partes nem paixões, de infinito poder, sabedoria e bondade; Criador e Conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis.”
A Segunda Confissão Helvética, 3º artigo: “Cremos e ensinamos que Deus é um em essência ou natureza, subsistindo por si mesmo, todo suficiente em si mesmo, invisível, incorpóreo, imenso, eterno, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis, o supremo-bem, vivo, vivificador e preservador de todas as coisas, onipotente e supremamente sábio, clemente ou misericordioso, justo e verdadeiro.”
Confissão de Fé Escocesa, capítulo I: “Confessamos e reconhecemos um só Deus, a quem, só, devemos adorar e em quem, só, devemos depositar nossa confiança. Ele é eterno, infinito, imensurável,incompreensível, onipotente, invisível.”
Confissão de Fé Belga, artigo 1: “Todos nós cremos com o coração e confessamos com a boca que há um só Deus, um único e simples ser espiritual. Ele é eterno, incompreensível, invisível, imutável, infinito, todo-poderoso, totalmente sábio, justo e bom, e uma fonte muito abundante de todo bem.”
Com diferentes palavras, estes documentos afirmam a inequívoca verdade de que há apenas um único Deus. Isto reflete perfeitamente a convicção dos reformadores. A primeira confissão de fé produzida após a Reforma Protestante, que é a Confissão de Augsburgo, diz no seu primeiro artigo: “Em primeiro lugar, ensina-se e mantém-se, unanimemente, de acordo com o decreto do Concílio de Niceia, que há uma só essência divina, que é chamada de Deus e verdadeiramente é Deus.”
É de extrema importância reconhecer esta verdade para se evitar conclusões equivocadas sobre o que a Igreja crê relativamente à doutrina do Ser de Deus e Sua composição. Não somos triteístas, cremos em um Deus apenas. Mas também não somos nem unicistas (que crêem que há apenas uma pessoa na divindade) nem unitários (que, de modo semelhante ao arianismo, negam a divindade do Filho e do Espírito).
Há na Confissão de Augsburgo uma referência ao Concílio de Niceia, que analogamente às confissões citadas, afirmam antes de tudo a unicidade divina. Isto nos mostra que, ao subscrevermos estas confissões, nos identificamos com nossos irmãos do passado mais remoto da Igreja Cristã, e nos unimos a eles na defesa e propagação da fé no Deus uno da Escritura.

3. Deu é Trino

Mesmo ensinando e crendo que há apenas um Deus vivo e verdadeiro, os documentos protestantes afirmam que esta unidade é composta. A divindade subsiste com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Na formulação desta doutrina afirma-se que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo também é Deus, e, no entanto, não há três deuses, mas um Deus apenas.
Esta doutrina é sempre abordada com muita cautela pelos teólogos, e sempre foi atacada pelas seitas. A Igreja reconhece a dificuldade com o enunciado da doutrina, mas não se sente por isso constrangida a rejeitá-la. Por isto, as confissões foram preparadas com muito zelo e cuidado para não ferir as Escrituras e para rejeitar o erro. O reconhecimento dos documentos confessionais é o de que esta doutrina não é de fácil entendimento para as mentes humanas, porém que, não obstante as dificuldades, é claramente ensinada na Escritura.
A Confissão Belga, por exemplo, reconhece esta dificuldade. No seu artigo 9, que trata do testemunho da Escritura sobre a Trindade, ela diz que “embora esta doutrina ultrapasse o entendimento humano, cremos nela, baseados na Palavra, e esperamos gozar de seu pleno conhecimento e fruto no céu.” Ainda que reconhecendo o mistério da Trindade, a Confissão Belga diz no artigo 8 (A Trindade: um só Deus, três pessoas): “Conforme esta verdade e esta palavra de Deus, cremos em um só Deus, que é um único ser, em que há três Pessoas: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. Estas são, realmente e desde a eternidade, distintas conforme os atributos próprios de cada Pessoa.”
Na Confissão Escocesa encontramos logo no primeiro capítulo, que trata da doutrina de Deus, a declaração de que Ele é “um em substância e, contudo, distinto em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.” Com uma afirmação semelhante, a Segunda Confissão Helvética fala que o Deus “uno e indiviso é inseparavelmente e sem confusão, distinto em pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo.”
É também no primeiro capítulo que os Trinta e Nove Artigos da Religião expõem a fé na Trindade Santa dizendo: “Na unidade desta divindade há três pessoas, da mesma substância, poder e eternidade:o Pai, o Filho e o Espírito Santo.”
Vemos que as confissões, ao mesmo em tempo em que subscrevem a unidade da deidade, distinguem cuidadosa e inconfundivelmente cada uma das três Pessoas divinas. A importância disto reside no fato de que a doutrina é protegida contra o erro do politeísmo por um lado e da unicidade absoluta, que não admite distinções pessoais em Deus, por outro lado. Na continuação de sua exposição, a Segunda Confissão Helvética diz que “não há três deuses, mas três pessoas, consubstanciais, co-eternas e co-iguais, distintas quanto às hipóstases e quanto à ordem, tendo uma precedência sobre a outra, mas sem qualquer desigualdade.”
A Confissão de Augsburgo, após afirmar a unidade de Deus, diz que “todavia há três pessoas nesta única essência divina, igualmente poderosas, igualmente eternas, Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, todas três uma única essência divina, eterna, indivisa infinita, de incomensurável poder, sabedoria e bondade, um só criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis.”
A já mencionada Confissão de Fé da Guanabara, após expor a ideia da unidade de Deus, diz que Ele é “distinto em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que não constituem senão uma mesma substância em essência eterna e uma mesma vontade.”
Como não poderia deixar de ser, a CFW traz o seguinte texto no 2º capítulo II: “Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade – Deus o Pai, Deus o Filho, Deus o Espírito Santo”.
Dentro da análise do ensino das confissões sobre a triunidade de Deus, é importante destacar que há também uma unidade de pensamento no que tange as assim chamadas propriedades distintivas de cada Pessoa divina. Este ensino pode ser resumido como segue: o Pai não é de ninguém, o Filho é gerado pelo Pai e o Espírito procede do Pai e do Filho.

3. O Ensino Bíblico

Uma vez que todos estes documentos confessionais afirmam sua fé na Escritura como única regra de fé e prática, é necessário analisar seus ensinos à luz da Palavra de Deus.
Falando em termos de unidade divina, a Escritura não deixa dúvida quanto a esta verdade. Que Deus é um, vemos com clareza em abundantes textos escriturísticos (Dt 6.4; Is 44.18;1ª Co 8.6). Esta verdade, por sua natureza inquestionável, dificilmente é negada, seja qual for a ramificação do Cristianismo. A fé em um Deus uno sempre foi um requisito indispensável para o exercício da verdadeira religião do povo de Deus ao longo da história. Deus sempre exigiu exclusividade de culto à Ele, condenando a idolatria e a adoração de falsos deuses (cf. Êx. 20.3-6). Esta ideia permanece no período da Nova Aliança (Mt 4.10).
Enquanto que a noção da unidade de Deus não representou grandes problemas para a Igreja, não se pode dizer o mesmo da doutrina da Trindade. Esta, por sua vez, foi e continua sendo alvo de duras críticas e sempre foi um mistério para todos. O que, no entanto, prevalece na Igreja de Cristo é que a doutrina da Trindade é a que representa com mais fidelidade a doutrina ensinada na Escritura.
Podemos encontrar no Antigo Testamento alguns indicativos da pluralidade existente em Deus. No Gênesis, por exemplo, Deus fala de si mesmo no plural (1.26; 3.22; 11.7). O Senhor é constantemente chamado de Salvador no A.T., título este que, no Novo Testamento, é aplicado mais frequentemente a Cristo (Is. 25.9; Tt2.13). O profeta Isaías, vaticinando sobre o nascimento do Messias, o chama de Deus (Is. 9.6). Talvez tenhamos, em Zacarias, um dos maiores exemplos de distinções pessoais em Deus. No capítulo 2, versos de 8 a 10, vemos um que envia e outro que é enviado, e ambos são chamados pelo nome sagrado de Deus, Yahweh.
Esta doutrina é apresentada mais claramente no Novo Testamento. Os três manifestam-se conjuntamente no batismo de Cristo (Mt 3.16-17). Por ocasião da grande comissão, Jesus ordena que os discípulos batizem os conversos “em o nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). A benção apostólica envolve o nome dos três (2ª Co 13.13).
Vemos então que a Santa Escritura atesta a triunidade divina, ainda que isto pareça algo embaraçoso para o nosso entendimento. Os reformadores já diziam no passado que o finito não é capaz de compreender o infinito. Porém, esta verdade, por estar contida na Bíblia, foi abraçada pela Igreja do Senhor e continua fazendo parte do seu conjunto de crenças. Nossas confissões a subscrevem, porém nenhuma autoridade elas teriam caso não encontrassem amparo nas Escrituras. Elas, no entanto, confirmam a existência triúna de Deus.

5. Conclusão

Entendemos que nenhuma comunidade pode declarar-se herdeira da fé protestante ou reformada sem que subscreva a doutrina da Trindade. Conforme foi demonstrado, não há espaço para qualquer abordagem não-trinitária da divindade no pensamento da Igreja. Esta é a fé universal do povo de Deus.
Esta doutrina não é originada das confissões, como se elas possuíssem algum grau de autoridade espiritual sobre a Igreja. Elas nada mais são do que a exposição daquilo que a Igreja crê; elas não foram dadas pelo sopro de Deus assim como as Escrituras (2ª Tm 3.16). A formulação da doutrina trinitária depende exclusivamente da revelação bíblica. As confissões apenas expõem, de forma sistemática, aquilo que a Escritura apresenta como doutrina. Isto faz com que evitemos uma possível e infundada superestimação das confissões, igualando-a à Escritura.
A doutrina da Trindade nos faz lembrar do nosso compromisso de honrar o único e verdadeiro Deus, o Deus trino e uno da Escritura. Recorda-nos da nossa missão de prestar culto igualmente ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, reconhecendo que os três são o nosso único Deus, o mesmo Deus de nossos antepassados. Os documentos confessionais das igrejas reformadas nos auxiliam na compreensão da doutrina e nos encorajam a vivermos uma vida que glorifique única e exclusivamente às três pessoas divinas, assim como todos os santos de Deus ao longo da história o fizeram.

BIBLIOGRAFIA

AUGSBURGO, Confissão de. Artigo 1.
BELGA, Confissão. Artigo 1 e 8.
ESCOCESA, Confissão de Fé. Capítulo 1.
GUANABARA, Confissão de Fé da. Artigo 1. 
HELVÉTICA, Segunda Confissão. Artigo 3º.
RELIGIÃO, Os Trinta e Nove Artigos da. Artigo 1.
WESTMINSTER, Confissão de Fé de. Capítulo 2.